Um Domingo com a “batian”
Hoje é domingo, dia 07 de abril de 2024. Minha batiam Setsuko veio passar o final de semana comigo e meu esposo. Enquanto tomávamos café da tarde (bolo de fubá com café preto) me veio a ideia do que escrever para vocês. Comecei a perguntar para minha batiam sobre como era a alimentação dela na época do sítio – é claro que eu já sabia, mas era para “puxar assunto”. Ela começou a me contar que desde criança comiam muitas verduras e legumes que plantavam no próprio sítio. Almeirão, abobrinha, chuchu… Se alimentavam das galinhas, porcos, e ela me explicou até como se mata um frango (haja coragem, eu não teria!). O gohan (arroz) sempre tinha também, não podia faltar. Minha batiam sempre amou frutas, adora chupar uma laranja, poncã. Caminhava bastante, desde criança teve esse costume, a escola era longe e mesmo quando se mudou para a cidade gostava de caminhar. Após a década de 70, com o início dos alimentos industrializados, aos poucos perdemos esse hábito de comer “comida raiz”. Foram criados alimentos muito calóricos, hiperpalatáveis, que trouxeram sensações cerebrais que nunca experimentamos. E assim, iniciou-se a epidemia da obesidade. Acesso à abundância de comida (sem qualidade, que não traz saciedade) somado ao sedentarismo: o estilo de vida da cidade, jornadas longas de trabalho, estresse mental e físico. Minha batiam manteve os mesmos hábitos até hoje, nada de comer em exagero, sempre dando preferência a comida natural. Não precisou suplementar um milhão de polivitamínicos em plena juventude como vemos atualmente. Comendo o que há de melhor que a natureza traz, não há necessidade de manipular vitaminas e minerais ou injetá-los na veia. Há casos de pessoas que tem doenças, problemas de absorção gastrointestinal que precisam desses tratamentos, mas digo com certeza: não é a maioria! A maioria, se comesse bons alimentos, caminhasse e se exercitasse regularmente, ou seja, voltasse aos hábitos dos antigos, da minha batiam, estaria se sentindo menos cansada, estressada. Sei que um dia a batiam Setsuko não estará mais aqui, entretanto a sua memória e a forma de viver estarão sempre comigo desde que eu consiga passá-las adiante, como faço agora nesse texto. Espero que ela inspire você tanto quanto inspira a mim.
CLINICA CINAGAWA – EQUIPE MUSTIDISCIPLINAR
Autora: Dra. Marjorie Mith Kanehisa CRM 35367-PRw Médica Endocrinologista – RQE32320 Rua Senador Souza Naves, 1283 – Tel.3323-9630 – Londrina – PR